História da raça
No ano de 74 d.C., os soldados do Império Romano cruzaram a enorme barreira dos Alpes e chagaram ao local onde hoje se encontra a cidade de Rottweil, ao Sul da Alemanha. Vinte anos depois, fundaram ali um povoado com o nome de Arae Flaviae.
Em suas excursões vitoriosas, os romanos eram acompanhados por rebanhos de gado, que serviam de mantimento para as legiões, e por cães molossóides, de grande porte e compleição física imponente. Esses animais tinham uma função dupla: tanto protegiam o gado como também eram usados como cães de guerra, para encontrar e atacar o inimigo. Acredita-se que o rottweiler seja descendente desses heróicos cães romanos.
Mesmo com todo o poderio militar, os romanos não duraram muito na região. Em 259 a.C. foram vencidos e expulsos por povos bárbaros. Já o cão, conquistou os novos vencedores e acabou emprestado o nome da cidade de Rottweil, fundada sobre as ruínas de Arae Flaviae.
O tipo físico mais próximo ao do rottweiler atual começou a se formar no século XIX, com a expansão de Rottweil como um grande centro cultural e comercial e com a miscigenação do ancestral do rottweiler com cães locais. Provavelmente, entre esses cães estava o bullenbeisser, um animal de grande porte, usado numa modalidade muito popular de luta contra touros e muito semelhante ao antigo bulldog inglês.
Localizada entre Stuttgart e a região do Lago Konstanz, na fronteira com a Suíça, a cidade notabilizou-se pelo comercio de gado, e passado a receber rebanhos vindos das mais diversas regiões. Nessas viagens, a mercadoria era exposta a vários perigos, de ladrões a lobos e ursos. Os cães foram, então, novamente usados para guardar o gado e as pessoas nas viagens pela região. Rottweil não foi à única cidade para a qual os romanos levaram seus legendários cães, nem tampouco foi a única a usá-los no trato com o gado. Mas o grande volume do comercio de animais em Rottweil, fez com que os cães que acompanhavam os rebanhos logo ficassem conhecidos como cães “de Rottweil” (Rottweiler, em alemão). E como naquela época era os açougueiros que dominavam o comércio e o tráfego de animais, esse tipo de cão ficou mais especificamente conhecido como cão dos açougueiros de Rottweil (Rottweiler Metzgerhund).
Apesar da miscigenação com outros cães, os açougueiros criavam o rottweiler com a finalidade única de trabalho, desenvolvendo, com o passar dos anos, um excepcional animal de guarda e pastoreio, uma raça forte, tenaz e inteligente. Todo açougueiro que merecesse esse nome tinha vários rottweilers e contava orgulhoso aos amigos que, após voltar de uma feira, pendurava a bolsa cheia de dinheiro no pescoço de um de seus cães, seguro de que ali ninguém teria a coragem de mexer. A raça então cresceu num ritmo espantoso, mas sofreu um grande golpe com a chegada das estradas de ferro. O transporte por via férrea mostrou-se mais seguro e muito mais rápido do que as cansativas viagens pelas estradas. Alguns açougueiros passaram a usar seus animais na tração de pequenas charretes de carga, mas, apesar do rottweiler ter se mostrado um excelente animal de tração, a nova utilidade não pôde absorver o enorme número de animais, que deixou de ter interesse comercial. O interesse pela raça então caiu abruptamente.
Foi só no começo do século XX que o rottweiler teve suas qualidades novamente reconhecidas. Em 13 de janeiro de 1907, foi fundado o primeiro clube da raça, o “Deutsche Rottweiler Klub” (DRK), na Alemanha, que se tornaria atual ADRK, que editou o padrão da raça seguindo pela maior parte dos países do mundo. No ano de 1910, a polícia alemã testou e reconheceu o rottweiler como cão policial durante a criação do “Clube alemão de Cães Policiais”. Quatro anos depois, a polícia de Munique fundou sua “Escola de Cães Policiais” e seu canil de rottweilers.
No Brasil o primeiro exemplar registrado pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC) foi importado da Alemanha em 1965. Durante muito tempo, os rottweilers permaneceram como ilustres desconhecidos no país. Mas bastou eles começarem a ganhar popularidade na década de 80, que a raça explodiu nos anos 90, tornando-se o cão mais registrado no Brasil em 1995. Atualmente, a “febre” do rottweiler vem diminuindo gradualmente, o que é motivo de comemoração para os muitos criadores. Afinal, quando uma raça fica na “moda” por muito tempo, logo parecem comerciantes oportunistas que abrem canis sem a menor preocupação com a qualidade ou saúde dos animais. Acasalando animais com defeitos genéticos, usando cadelas jovens demais e não respeitando nenhum tempo de descanso entre o cio das fêmeas, esses comerciantes colocam em prática as chamadas “fazendas de filhotes” para o prejuízo da raça.
Não há dúvida de que a popularidade do rottweiler se deve, em grande parte, às indiscutíveis qualidades deste zeloso guardião, mas o altíssimo número de animais registrados e a criação indiscriminada contribuíram também para a divulgação de campanhas conta a raça e da confusão entre animais fora de controle e o rottweiler típico. Foi justamente antevendo os problemas da popularidade exagerada que, em 1992, um grupo de criadores criou um clube para a criação no Estado de São Paulo, a Associação Paulista do Rottweiler (APRO).
Criadores novos e antigos entenderam a importância de se fazer um maior controle na criação e aderiram aos propósitos da Apro. Hoje em dia a associação exige que seus afiliados façam o controle de displasia nos cães colocados em acasalamento, organiza exposições especializadas e provas de adestramento, faz seleção de temperamento e garante pureza total nas ninhadas. Uma das mais recentes conquista da Apro foi a autorização, junto a CBKC, da confecção de um selo que é colocado no pedigree atestado a pureza e a qualidade do animal segundo os padrões da associação.